O empresário Bruno Santos, preso pela Polícia Federal na Operação Omni e acusado de desviar R$ 66 milhões da saúde do Piauí, não se limitava apenas ao esquema milionário revelado nas investigações. De acordo com apurações, Bruno também comandava um verdadeiro pedágio sobre as emendas parlamentares destinadas à Secretaria de Saúde: 30% de cada emenda eram exigidos. Mesmo sem ocupar cargo oficial no Governo do Estado, ele atuava como uma espécie de coordenador das emendas, com livre trânsito e influência dentro da pasta. O caso, que seria de conhecimento de parlamentares e outros agentes políticos, expõe a profundidade da rede de corrupção que drenava recursos da saúde pública.
Fornecedores da SESAPI sofrem com atraso de pagamentos enquanto escândalos pipocam.
Enquanto a Secretaria Estadual de Saúde do Piauí (SESAPI) está envolvida em um escândalo que tem como pivô um amigo do governador em uma operação da Polícia Federal, fornecedores legítimos enfrentam atrasos cada vez maiores em seus pagamentos. Pequenas e médias empresas relatam ter que “levar chás de cadeira”, sofrer tratamentos irrespeitosos e ouvir repetidas vezes que “não há recursos” para quitar os débitos. O atraso sistemático tem colocado esses empresários em sérias dificuldades financeiras, com alguns à beira da falência, enquanto milhões de reais movimentam investigações e operações policiais. O contraste entre o caos nos bastidores e a negligência com quem realmente mantém os serviços funcionando evidencia a urgência de transparência e responsabilidade na gestão da saúde pública.
Rafael e Wellington mantêm distância sobre escolha do vice.
Nos bastidores, a relação entre o governador Rafael Fonteles e o ministro Wellington Dias tem sido marcada por cautela e distância quando o assunto é a escolha do vice para a próxima eleição. Wellington não esconde de aliados próximos que não desistiu de emplacar um “petista raiz” na chapa, reforçando a identidade do partido. Rafael, por sua vez, já teria se decidido pelo nome do secretário de Educação, Washington Bandeira, considerado por ele o perfil mais adequado para compor a reeleição. O ministro, no entanto, afirma ter “carta na manga” para reverter a decisão mais perto do pleito. Entre os nomes que circulam nos bastidores estão o deputado Merlong Solano e o deputado federal Francisco Costa. Há ainda quem cite o ex-deputado Antônio José Medeiros como possível opção para representar essa simbologia do PT tradicional. A disputa pelo posto acontece em meio a um momento delicado para Rafael, que viu aliados próximos alcançados por investigações da Polícia Federal. Mesmo assim, o governador mantém a convicção de indicar Washington Bandeira como seu vice, enquanto Wellington segue costurando alternativas.
Decisão sobre emenda de Ismael pode travar contas da Prefeitura.
As emendas impositivas apresentadas ainda na gestão do ex-prefeito Dr. Pessoa e que ficaram engavetadas voltam ao centro do debate político em Teresina. O vereador Ismael Silva conseguiu na Justiça o direito de executar uma emenda parlamentar no valor de R$ 1 milhão, criando um precedente que já anima vereadores e ex-vereadores a também recorrerem ao Judiciário para garantir a aplicação de suas emendas. A decisão obriga a Prefeitura a pagar, e, caso haja resistência, o município pode ter até suas contas bloqueadas. O imbróglio promete acirrar os ânimos e abrir um novo impasse entre o Executivo e o Legislativo da capital.
Desembargador José James é afastado após operação da PF.
O desembargador José James Gomes Pereira, do Tribunal de Justiça do Piauí, foi afastado por decisão do STJ após ser alvo de operação da Polícia Federal que investiga suposta manipulação de decisões judiciais em disputas agrárias. Além dele, dois advogados Germano Coelho Silva Barbosa e Juarez Chaves e familiares do magistrado também tiveram mandados de busca e apreensão cumpridos. A ação busca documentos que possam comprovar repasses de valores, ocultação de bens e favorecimento em decisões judiciais. O TJ-PI afirma que os serviços seguem normalmente, mas o episódio expõe uma grave suspeita de conduta irregular envolvendo magistrado e advogados, sob investigação em segredo de justiça.
Isenção do IR até R$ 5 mil: alívio com riscos escondidos.
A aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais é, sem dúvida, um marco. Significa que boa parte da classe trabalhadora e da classe média baixa se livra de um peso histórico no orçamento. Para quem recebe até R$ 7 mil, o desconto parcial também ajuda a respirar em tempos de inflação persistente e custo de vida elevado. É uma vitória que merece ser celebrada. Mas toda medida fiscal tem seus contrapesos. O governo já sinaliza que, para compensar a perda de arrecadação, pode ampliar a base de cálculo do PIS e da Cofins, cobrando esses tributos sobre o faturamento bruto das empresas e não apenas sobre o lucro. É aí que mora a preocupação. A chamada “taxação dos ricos”, na prática, pode atingir empresários de diferentes portes, inclusive aqueles que sustentam cadeias produtivas e a geração de empregos. Cobrar sobre o bruto significa reduzir margens de quem investe e arrisca. Em momentos de economia instável, a conta pode descer a escada: menos investimento, menos emprego, menos consumo. A matemática, portanto, é preocupante. O alívio para milhões de brasileiros pode vir acompanhado de um peso novo para quem empreende. A equação entre justiça social e sustentabilidade econômica ainda precisa ser bem resolvida.
Fonte: Portal Encarando